quarta-feira, 7 de novembro de 2012

As sementes da Terra


     15 -As sementes da Terra

                              "Picamos sempre o cavalo que galopa"
                                               Plínio, o Velho

Depois do lançamento da Eratóstenes, a ciência da astronavegação sofreu novos impulsos, mercê do aperfeiçoamento das técnicas, a simplificação dos métodos e, sobretudo, o melhor aproveitamento e rendimento da energia então utilizada nas viagens espaciais. O sonho ia aos poucos parecendo possível. Ícaro aventurava-se cada vez mais próximos dos luzeiros do céu, do oiro-vivo do fogo das estrelas. O monge Bartolomeu descobria um novo éter para a sua Passarola.
Durante o meio-século que se seguiu, à medida que se iam sucedendo os anos e os decénios, a Eratóstenes foi caindo no esquecimento. Os grandes meios de comunicação, a imprensa a rádio e a televisão, deixaram por completo de falar no assunto. Ainda antes da sonda ter percorrido metade do seu caminho, as notícias praticamente só apareciam de ano a ano e mais tarde, de cinco em cinco, fazendo relembrar que um engenho humano seguia para a Estrela de Barnard, em missão de reconhecimento e estudo, levando sementes a bordo, "para serem plantadas noutro mundo", e que a aparelhagem de bordo continuava em bom estado de funcionamento e a enviar informações científicas "de muito interesse".
A comunidade internacional esquecera-a quase por completo.                
Os mais recentes avanços tecnológicos levaram mesmo muitos cientistas a considerá-la obsoleta, em termos de veículo espacial. Já era possível e mais longe e mais depressa. E isto, apesar de ter revelado uma extraordinária precisão. Por seu lado, os conhecimentos da física e do Cosmos que dela se esperavam, iam aos poucos sendo adquiridos nas bases espalhadas pelo Sistema Solar, por intermédio de poderosos telescópios, radiotelescópios e interferómetros que se erguiam na Lua, em Marte, em Titã, no espaço interplanetário e mesmo na Terra.
As atenções concentravam-se, pois, nas experiências biológicas, mais propriamente, botânicas. Resistiriam algumas sementes às tremendas acelerações e desacelerações a que estavam sujeitas? Era possível que sim. Em breve se saberia. Mas então... e os animais? Aí é que as coisas se complicavam.
O sonho - o verdadeiro sonho - era, desde sempre, realizar a proeza de levar o homem em carne e osso a outros mundos, a outros planetas das estrelas.

em "A Febre do Ouro" Pág 106

Sem comentários:

Enviar um comentário