15 -As sementes da Terra
"Picamos sempre o cavalo que galopa"
Plínio,
o Velho
Depois do lançamento da Eratóstenes, a ciência
da astronavegação sofreu novos impulsos, mercê do aperfeiçoamento das técnicas,
a simplificação dos métodos e, sobretudo, o melhor aproveitamento e rendimento
da energia então utilizada nas viagens espaciais. O sonho ia aos poucos
parecendo possível. Ícaro aventurava-se cada vez mais próximos dos
luzeiros do céu, do oiro-vivo do fogo das estrelas. O monge Bartolomeu descobria
um novo éter para a sua Passarola.
Durante o
meio-século que se seguiu, à medida que se iam sucedendo os anos e os
decénios, a Eratóstenes foi caindo no esquecimento. Os grandes meios de
comunicação, a imprensa a rádio e a televisão, deixaram por completo de falar
no assunto. Ainda antes da sonda ter percorrido metade do seu caminho, as
notícias praticamente só apareciam de ano a ano e mais tarde, de cinco em
cinco, fazendo relembrar que um engenho humano seguia para a Estrela de
Barnard, em missão de reconhecimento e estudo, levando sementes a bordo,
"para serem plantadas noutro mundo", e que a aparelhagem de bordo
continuava em bom estado de funcionamento e a enviar informações científicas "de
muito interesse".
A comunidade
internacional esquecera-a quase por completo.
Os mais
recentes avanços tecnológicos levaram mesmo muitos cientistas a considerá-la
obsoleta, em termos de veículo espacial. Já era possível e mais longe e mais
depressa. E isto, apesar de ter revelado uma extraordinária precisão. Por seu
lado, os conhecimentos da física e do Cosmos que dela se esperavam, iam aos
poucos sendo adquiridos nas bases espalhadas pelo Sistema Solar, por intermédio
de poderosos telescópios, radiotelescópios e interferómetros que se erguiam na
Lua, em Marte, em Titã, no espaço interplanetário e mesmo na Terra.
As atenções concentravam-se, pois, nas experiências
biológicas, mais propriamente, botânicas. Resistiriam algumas sementes às
tremendas acelerações e desacelerações a que estavam sujeitas? Era possível que
sim. Em breve se saberia. Mas então... e os animais? Aí é que as coisas se
complicavam.
O sonho - o verdadeiro sonho - era, desde sempre, realizar a proeza de levar o homem em carne e osso
a outros mundos, a outros planetas das estrelas.
em "A Febre do Ouro" Pág 106
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