"Le trident de Neptune
est le sceptre du monde"
Lemercier
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Os Gregos – os eternos Gregos que ainda
hoje nos fascinam pela elegância das ideias e destreza do raciocínio – deviam
ao perfeito conhecimento do vento, algumas das suas grandes vitórias navais,
como foi o caso de Salamina, onde Temístocles derrotou os Fenícios. E mais do
que isso: eram capazes de interpretar os desígnios do supremo Zeus, pelo
simples rumorejar do vento na folhagem dos velhos carvalhos de Épiro. E, pela
mesma razão, ou desta ciência decorrente – mas isto julgo eu... visto a relação
com o mister do deus Eolo ser universal, manifestando-se por toda a Galáxia
onde verdejam as árvores e voam as aves... –, também na ɛ de Eridanus.
Eridano, a constelação (cuja estrela mais brilhante é Achemar), e
que
na Terra foi vista como o Nilo, pelos egípcios e o Eufrates pelos Babilónios, e
donde o grego Heródoto referiu vir o
estanho e o âmbar.
Dessa relação nos fala a Ilíada, cujos
textos serão, um dia, gravados a letras de oiro, nas páginas de alguma história
galáctica.
O vento é o fogo primordial. Dele se
alimentam os caminhos do mar, perpétuo e livre. Na ɛ de Eridanus, pelas aves
se tomou conhecimento de outros voos possíveis, para além do espaço
circunscrito das terras, o fluido azul dos oceanos, o éter do vazio anónimo e tranquilo entre as estrelas. As velas
enfunadas imitam as suas asas, os sonhos de infinito. A direcção do vento
mostra o caminho. Essa é a vontade dos deuses.
E assim, quando o veleiro ficou pronto –
ainda um ano não era passado –, o capitão contratou os mais destemidos e os
mais desesperados – os que nada tinham a perder, mesmo perdendo a própria
vida!...– e zarpou pelo mar adentro, direito à linha do horizonte.
Não tinha sido difícil contratar semelhante
marinharia: os desgraçados, os desenraizados, os párias, não temem deuses nem
demónios; odeiam ou menosprezam tanto uns quanto outros. Ou ignoram-nos, de ser
ignorados ou menosprezados. E agora, pela primeira vez juntos em torno dum
objectivo de que mal conheciam os contornos – apenas, talvez, um íntimo "desejo de vinganças..."–,
enfrentariam os monstros do fim do mar que povoam o limite do horizonte, lá,
onde se decide o destino da Criação, das ervas e das árvores, dos bichos
menores e maiores. Doravante, senhores de todos os símbolos que fazem os golpes
de audácia e de loucura, eles próprios seriam parte dessa luta: a que se iria
travar entre a claridade e as trevas, entre eles e eles próprios, entre o medo
e a força oculta que há no coração do ser pensante e que sempre se esconde, de
procurar entender-se.
Ou entendê-la-iam?
Sabê-la-iam, ainda que sem a saber?...
Qualquer coisa que se acende e apaga, e vai e vem, incendiando-se e fenecendo
como uma luz, mais sombra que luz, enredando-se, desmultiplicando-se até ao
caos da hipnose e do delírio?
Doravante, enfrentariam deuses e demónios
que, pela sua força (e seu medo...) cairiam a seus pés, sem remissão ou pecado.
Doravante, o futuro abrir-se-lhes-ia pela frente, como o passado sem tempo; e o
futuro era aquele mar sem fim, onde haveria de haver outros mundos de
esperança, outros deuses sem pecado, e outras "balbúrdias da alma". Era "ir... ir até à distância
abstracta ", que começa e acaba num sonho de infinito.
(...)
(...)
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em A FEBRE DO OURO, pág 33
Olha, senti-me transportado.. a sério, águas onde navego e nem sei porquê, nada de nada o justifica! Gostei mesmo do que publicaste.! O romantismo épico.. nada mais saberei dizer senão saudade e amizade.. O Merdock será um símbolo após existido, abraçado. O nosso símbolo de então.
ResponderEliminarNão fui ao 12 de Abril, coisas diferentes~~ aliás nem conheceria 20%, mas não foi por aí.. Mas.. chiii jura mesmo,,, estaremos juntos, por aqui. 913528144, telefona 2/3 dias antes. Abração! Abraço merdockiano! ))))
Gostei mesmo do final de esperança.
ResponderEliminarBeijos!