sexta-feira, 4 de novembro de 2011

11 - A prata e o ouro

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O ouro é um corpo perfeito
Roger Bacon - Mirroir d’Alquimie
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Havia, pois, a questão da prata - um vil metal!... Prata, com que os governantes dos reinos cunhavam as suas melhores moedas, para correr de mão em mão, fazendo a fortuna de uns e a angústia de outros - os mais numerosos, estes... o que se pode ler em todos os tratados de história humana, nos planetas das galáxias!... - Não tão cobiçada como o ouro, é certo, pelo menos no mundo onde o amarelo reluzente tinha sido eleito à categoria de supremo representante da claridade do Deus-Sol (e também no Egipto da deusa Hathor... nas Américas dos Maias... nas profundezas submarinas dos anfíbios do planeta dois da estrela que se vê no enfiamento da cabeça de Draconis... na filosofia alquimista de Geber... ou ainda no planeta gémeo da Terra, em 51 de Pégaso, onde o oiro é tão raro que serve apenas para recobrir a pupila dos olhos do deus, nos poucos santuários que o possuem, atraindo fervorosas multidões...). Assim mesmo, capaz de arrasar montanhas, desfazer pedras em pó, transmutar amor em ódio. Com alguma razão objectiva - diga-se de passagem... - para os que se tinham libertado definitivamente do mar primitivo donde emergiram ao fim de milhões de anos de evolução, e porventura ainda mais compreensível para os seres tecnológicos que partilhavam a vida entre a atmosfera estável do planeta e o meio aquático, na estrela dois do enfiamento do Dragão. Em qualquer dos casos, o ouro impunha-se por ser um metal de inestimável valor e por ser incorruptível. Para este efeito, o mesmo se poderia dizer da prata, embora o ouro fosse mais raro (apenas uns meros 0,0045 gramas por tonelada - sensivelmente o mesmo que na Terra) e, pela sua incorruptibilidade, associado pela cor e pela pureza dúctil, à divindade primeira de todas as civilizações nascentes. Ele representava a distância inacessível à estrela-mãe, amarela tipo K, e seu esplendor eterno.
Mas... seriam realmente de prata as quatro bolas luzidias, do cepo cortado?
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em “A FEBRE DO OURO
Pág 87

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