Ali, naquela terra recém-descoberta, cheia de
riquezas, tudo parecia perdido. Agora, nem tempo tinham para enterrar os mortos, ou levá-los para
"fazer o funéreo enterramento onde dos peixes sejam alimento..."
que é o destino dos que fizeram do mar o seu reino de eleição.
Decidiram embarcar o mais depressa possível, não
fossem eles voltar, atacando por várias frentes e mesmo pelo areal da praia, o
que seria catastrófico.
Saltaram para dentro dos botes, nos quais já estavam
os dois sábios e o escrivão: este, que se aventurara até ao limite da refrega
para bem registar as impressões vividas naquela noite fatídica mas prodigiosa
de equívocos e estranhezas, tão do agrado de leitores da História; aqueles, não
tendo ido mais além do que voltar a pôr os pés naquela terra memorável que os havia de conduzir a engenhosas suposições e ao raiar de mistérios nunca dantes
desvendados ou imaginados. Regressaram às barcas.
A expedição nocturna tinha sido um autêntico fracasso.
Todos se mostravam muito cansados, remando com dificuldade; e o capitão, sem
dizer palavra, apenas olhava para o vazio negro onde ficava a Ilha das Árvores
e o seu sonho.
As mesmas estrelas brilhavam, frias e trémulas, no
grande silêncio abstracto. Ao alto, naquele céu milenar e ainda mais
ininteligível, as duas pequeníssimas luas pareciam duas escamas de prata,
desafiando o oiro reluzente da claridade.
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em "A Febre do Ouro", pág 129
Oie meu amigo querido; pela página publicada, se percebe o quão interessante é o livro. Aguçou a minha curiosidade para saber além...
ResponderEliminarBoa semana! Beijos