domingo, 16 de setembro de 2012

ERATÓSTENES



                        6 – Eratóstenes
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                                          "... ir, ir,
                                                        até à distância abstracta..."
                                                        Álvaro de Campos
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A verdadeira exploração da espaço intergaláctico começara meio século antes, por intermédio da sonda Eratóstenes, assim chamada em homenagem a um sábio grego do século II a.C., refugiado em Alexandria, que realizara a primeira "medição astronómica", calculando o perímetro da Terra, numa época em que só alguns poucos iluminados a julgavam esférica. Esse nome fora atribuído à nave - dizia-se - por analogia para com o caminheiro (seria, antes, um camelo?) que o velho sábio contratara para contar (a passos...) os quinhentos estádios entre Siene e Alexandria. O número obtido seria usado como base para o cálculo do perímetro do planeta, a partir das diferentes inclinações da sombra feita pelo Sol, nas duas cidades nordestinas do grande continente africano. Agora, o caminho percorrido pela nave – acreditavam - daria novas e sólidas informações sobre a curvatura do Espaço, considerando a interpretação das fórmulas de Einstein.
Porém, Eratóstenes iria realizar uma outra experiência notável. Essa experiência consistia na análise do comportamento e resistência de variadas sementes e amêndoas sujeitas a acelerações e desacelerações descomunais. Elas seriam colocadas em compartimentos estanques, protegidas de todo o tipo de radiações e deveriam germinar em diferentes etapas da viagem. Isto tivera por consequência, em primeira análise, a necessidade de construção dum veículo de tamanho médio, de múltiplos componentes mecânicos, com dezenas de alvéolos onde seriam colocadas as sementes, um completo sistema de irrigação e respectivos depósitos para ar e para água, climatização e ionização, reguladores de pressão atmosférica, humidade e tudo o resto.
O projecto era ambicioso. Eratóstenes deveria substituir-se às pequeníssimas sondas operacionais desde meados do século XXI, de propulsão fotónica, que apenas eram capazes de investigar e transmitir informações. 
A perspectiva futura era construir uma nave que carregaria uma pequena sonda com capacidade para deslocar-se e poisar, munida duma mini-escavadora para abrir buracos e depositar as sementes em superfície planetária favorável. Do bom êxito ou do fracasso do crescimento das plantas, a bordo da Eratóstenes, dependeria o projecto seguinte. Quanto a serem semeadas no planeta sólido da Estrela de Barnard, a hipótese deveria ser excluída. Não porque se duvidasse da existência de água ou a água fosse diferente nesse planeta; ela é sempre, por definição, composta de duas partes de hidrogénio e uma de oxigénio. O chão e as terras deveriam ser iguais às da Terra, só variando na distribuição dos elementos, de lugar para lugar. Mas a pouquíssima radiação recebida no planeta, não permitiria a adaptação e o desenvolvimento da vida que temos. Se uma forma de vida houvesse, ela seria muito primitiva. O homem celeste, o Lap-Tamo, que desceu dos céus, não o faria ali... para levar frutos exóticos aos povos daquela Novíssima Guiné...
em A Febre do Ouro, pág 44

1 comentário:

  1. Caro amigo

    Um livro
    quando nos prende
    nos primeiros
    minutos de leitura,
    está trilhando
    o caminho
    do sucesso.


    Que haja sempre um sonho
    a nos habitar o entardecer do dia.

    Aluísio Cavalcante Jr.

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