segunda-feira, 6 de agosto de 2012

PRATA


 (...)
Dadas as circunstâncias - o ataque súbito, perpetrado por invisível inimigo, e a morte dum dos sábios da expedição -, não tinha sido possível verificar com exactidão de que metal eram feitas as esferas. 
(Que sabia o pobre do mineralogista das possíveis imitações da prata, se nesses tempos ainda não eram conhecidos da ciência dos eridanos?). 
Uma coisa era certa: o sábio das pedras sabia do seu ofício, possuía os conhecimentos de ponta (para a época...), e se ele as identificara como sendo de prata, era porque elas eram de prata! Poderia também haver ouro, a luz suprema!  E, - pensava o capitão -, se prata havia e ouro houvesse, porque não, platina, diamantes, opalas e outras preciosas pedrarias?                                     
Depois do biólogo ter sido atingido pela seta que o vitimou, e ter sido completamente frustrada a tentativa de retaliação e intimidação levadas a cabo pelo general, nada mais havia a fazer senão retroceder o mais depressa possível.
O caminho que tomaram, vindos da praia, representava um grande risco para a retirada. Era demasiado longo e passava ao alcance de muitas árvores; as marcas deixadas no carreiro, para o regresso, não serviriam de nada, por ora. A direcção dos dardos de madeira, ao espetarem-se no solo, mostrava que eles vinham de cima. Mas era evidente que não poderiam vir do céu!... E se viessem?... Não! Não podiam vir do céu. Assim pensaram (como Lavoisier), sendo o raciocínio dos eridanos (e o do próprio sábio francês...) um avanço em relação a crenças antigas. Podia não ser verdadeiro, segundo possibilidades ou probabilidades ignoradas, mas era-o já, segundo o conhecimento adquirido e possível! 
Os projécteis vinham, portanto, da copa das árvores. Quem quer que reinasse naquela planície sem fim, deveria encontrar-se lá cima; as estacas cravadas nos troncos sugeriam isso mesmo, sem que, no entanto, se percebesse bem porquê. Seria por causa das feras?

em A FEBRE DO OURO, Pág  98
 .
Veja também outros extractos, nas postagens anteriores.

6 comentários:

  1. Caro amigo

    Penso que viver
    é semear com palavras,
    imagens e sonhos
    palavras que acordem
    o belo,
    o justo
    e o melhor do mundo
    em outras vidas.

    Que este seja o nosso
    compromisso com a vida

    Aluísio Cavalcante Jr.

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  2. Este trecho, do seu livro Febre do Ouro, me fez lembrar das Entradas e Bandeiras do Prríodo Coloial do Brasil
    Fiquei curiosa, para ler o livro!

    Um abraço, Calado.

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  3. ...mas haverá neste mundo outras esferas onde tudo se troca e no fim os valores maiores não serão certamente o ouro ou a prata, mas outros cheios de vida e de sentido para a nossa caminhada de todos os dias.

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  4. Olá, achei interessante, parece ser bom esse livro.
    Parabéns pelo seu blog!
    Se puder visite este blog:
    http://morgannascimento.blogspot.com.br/
    Obrigado pela atenção

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  5. Gostei de Ler. Continuação de sucesso, é o meu desejo!

    abraço
    cvb

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  6. Boa Noite Poeta Amigo.
    Estava um pouco afastada por motivos alheio a minha vontade.
    Hoje estou aqui para matar as saudades
    do meu especial amigo.
    Quisera poder adquirir cada um dos seus livros
    poetas não são iguais cada um tem um dom para escrever.
    Seus poemas são lindos apaixonantes da alegria aos nossos olhos.
    Sei que Dia dos pais é aqui no Brasil no Domingo,
    mais mesmo assim estendo meu abraço até você também.
    Lindo final de semana beijos,Evanir.
    Caso for no meu blog não repare estou tentando eu mesma fazer meus rabiscos para postar.

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