Teve uma visão que o deixou estonteado, em pleno dia, sem sombra de sonho ou sono a toldar-lhe o entendimento: uma montanha de oiro, magana e refulgente, virgem!... Não um desses frustrantes desertos do Nordeste (de que conhecia tantas histórias infelizes...), mas sim uma autêntica mina de Salomão planetária (da qual, aliás, não tinha nenhumas notícias... nem por mensageiro. nem por fábula!...). Porém, quando ia deitar-lhe a mão... a sua mão transfigurou-se numa espécie de anjo alado... uma miragem transparente e incolor que se transformou em prata... voando para os céus, na forma de quatro bolas, que já não eram de prata... mas sim as bolas dos seus canhões.
Sentiu-se estremunhado, como se acordasse dum sonho, mas tinha a consciência de que estivera acordado e acordado tivera aquela visão. Veio-lhe à cabeça que aquele mundo era habitado, mesmo se por entes invisíveis... – que deveriam ser um género qualquer de gente, segundo os sábios (embora a esse respeito o capitão fosse muito reticente...) – e, a avaliar pelo ataque que vitimara dois dos seus, os nativos não estariam dispostos a conceder facilidades. Talvez esse fosse o sentido da visão. Mas que sentido teria... o oiro se transformar em prata?... Gostaria que fosse ao contrário: ser a prata (ou outro metal mais comum, mesmo o reles chumbo que só servia para balas e metralha...) a tornar-se em oiro, embora não tivesse notícias nenhumas da Tábua Smaragdina, ou do Corpus Hermeticum… nem conhecesse o conde de S. Germain, ou Cagliosto... muito menos Hermes Trimegisto…
em "A FEBRE DO OURO", pág 59
Excelente excerto deste seu livro, muita imaginação e a remeter-nos para clássicos...um manancial de cultura.
ResponderEliminarabraço
Olinda
Poderia simbolizar a desvalorização do ouro?
ResponderEliminarBeijos!