quinta-feira, 21 de julho de 2011

OUTRAS ILHAS

(…)
– Oiça, vou dizer-lhe uma coisa que ninguém sabe...
O marujo sentia-se mal na pele. Olhou-o, procurando entender o emaranhado dos seus raciocínios e, por momentos, sentiu-se prisioneiro do cartógrafo e daquele mar-oceano que pareciam apoderar-se de todas as suas forças íntimas, do seu conhecimento e do seu querer. Que mais lhe iria dizer o velho?
– A conclusão é óbvia, meu caro... – o cartógrafo rebolou as bolitas dos olhos, num trejeito esperto. – Se os pássaros seguem para sul... há outras ilhas...
– Outras ilhas?...
– Sim, outras ilhas. Tanto faz que naveguemos para Leste, Sul, Oeste... Ou mesmo que tivéssemos navegado ainda mais para Norte... desde o Reino do Norte!...
Segundo esta concepção – pela primeira vez se estabelecia um verdadeiro conceito planetário – a ilha dos Reinos seria uma espécie de "umbigo do Mundo", donde partem as quatro direcções do Universo, em Tenochtitlan – arrasada pelos conquistadores espanhóis do século XVI... –, onde o nível celeste tem treze céus. Ou as mui antigas "quatuor habtationes vel insular" de Marcóbio, que sabiamente prediz a existência de quatro continentes/ilhas, na Terra. Aqui, na Eridanus, o planeta teria quatro mares. Mas o México pré-colombiano estava longe no tempo e no espaço, e "o sábio primeiro medidor do Universo" levava-lhes a palma neste aspecto. Já admitia a pluralidade dos céus, equivalente ao número de estrelas da concha de cima...
– Haveremos de encontrar novas ilhas... novos mundos...
(...)

1 comentário:

  1. As forças intimas ajudará na descoberta de novas ilhas e novos mundos.
    Beijos!

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