A atmosfera que se criara era dum verdadeiro
congresso. Estavam reunidas as personalidades e o "know how"
para um debate profícuo, e todos revelavam a melhor disposição. Do
financiamento da operação se encarregaria o poderoso (e circunspecto...)
mercador. A comparticipação do Rei, estava assegurada. O bom êxito da
futura expedição à Ilha das Árvores dependia pois, duma disciplinada
programação preliminar.
- Julgo poder dizer - ponderou o condottiere, exibindo o largo sorriso confiante que
nestas coisas de negócios e proventos sempre o acompanhava -, que teremos de contar com uma carga suplementar quando regressarmos
da próxima viagem... - teve um gesto de profunda veneração para com as flores
da jarra do meio da mesa, apontando para elas, e esclareceu: - É certamente um elemento poético que a todos nós
sensibilizou... - olhou para o comandante, revirando as bolitas dos
olhos, em sinal de apreço, talvez êxtase, para logo exclamar com ênfase: - Mas... o ouro e a prata, minhas gentes!...
Ouviram-se os graves e os cavos de gargalhadas
entrecortadas, a congratular o bom humor do chefe. A própria jarra de flores
estremeceu. E desse frémito da emoção transmitida pelas vibrações em sincronia,
do palpitar dos corações e das vibrações do ar, duas pétalas das flores já
fenecidas que o intrépido navegador trouxera da Ilha das Árvores, caíram sobre
a mesa, com uma vénia de agradecimento e orgulho. O planeta desvelava os seus
véus, e a humílima criatura vegetal que viera da ilha recém descoberta, era bem
a prova disso, fazendo questão de associar-se às festividades; e à promessa de
engrandecimento do planeta - a glória mais perene do ser-pensante.
O génio e a audácia proclamavam os verbos da mudança,
sobre a ponte do mundo. Nada iria ser, do que já fora. O planeta preparava-se
para um grande salto no tempo. Porém, isso far-se-ia sob o signo ofuscante que
faz luzir de cobiça os olhos do Rei da Criação.
De qualquer maneira, insensivelmente, para as gentes da éplison de Eridanus, tratava-se de encontrar a verdadeira cadeia de ouro, mãe do Sol - "onde tudo existe e se consome", como na Ilíada, do poeta cego.
em A FEBRE DO OURO, Pág 128
De qualquer maneira, insensivelmente, para as gentes da éplison de Eridanus, tratava-se de encontrar a verdadeira cadeia de ouro, mãe do Sol - "onde tudo existe e se consome", como na Ilíada, do poeta cego.
em A FEBRE DO OURO, Pág 128
Sem comentários:
Enviar um comentário